NA SOLENIDADE DE TODOS SO SANTOS
Ao celebrarmos a Solenidade de Todos os Santos, contemplamos a multidão imensa que está junto de Deus, O louva e adora sem cessar, por toda a eternidade, segundo a visão de S. João: «Vi uma multidão imensa, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé, diante do trono e na presença do cordeiro, vestidos de túnicas brancas e de palmas na mão». (Ap 7,9). Percorrendo o caminho da fé, aqui na terra, tal qual nós, sofreram as mesmas dificuldades, passaram por diversas provações, responderam aos apelos de Deus, esforçando-se por passar pela porta estreita. Da nossa raça e da nossa condição, os Santos combateram o bom combate da fé (2 Tim 4, 7) e, por isso, alcançaram a coroa da glória.
Ensinam-nos os santos a acreditar e a esperar no cumprimento da promessa de Deus: a Vida Eterna. A esperança dá sentido e vigor à fé e à caridade. A esperança é aquela virtude – a mais pequena das três! – que leva pela mão a fé e a caridade até à sua plena realização. A maior de todas, porém, é a caridade, a que permanece, enquanto as outras são passageiras.
A crise de fé do nosso tempo é também, e é sobretudo, crise de esperança. São muitos aqueles(as) que acenam com outras verdades, outros horizontes e valores nos quais acreditar e esperar. E há quem considere a Eternidade – não nós, certamente! – um tempo que não passa, fastidioso, monótono. Então, perguntam: porquê desejá-la? Porquê esperá-la? Não será antes preferível tirar todo o proveito e gozo possíveis deste mundo, como é tónica da cultura dominante? Pelo contrário, a Eternidade será um tempo de contemplação activa e de realização de todos os nossos anseios de plenitude de vida e de amor, de saciedade de todas as nossas fomes e sedes. A mesma experiência de quem procurando um oásis no deserto o encontra, alegra-se e mata a sede.
Vejamos o que está inscrito no nosso coração, gravado na nossa alma, registado na nossa mente: queremos a plenitude de vida e de amor que, neste mundo nada nem ninguém será capaz de nos oferecer. Só Alguém nos poderá saciar se, acaso, lhe abrirmos as portas da fé: «Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. (1Jo 3,2).
Quando Deus acontece nas nossas vidas, porque lhe abrimos de par em par a porta da fé, Ele desperta em nós o desejo de O possuirmos, O conhecermos, O amarmos que mais não é do que o desejo da plenitude da vida e do amor, sem limites e sem barreiras. Eis-nos, então, no limiar da Vida Eterna. Porque já a vivemos e saboreamos no tempo presente, desejamos alcançá-la em plenitude. Este desejo, esta esperança, desafia-nos à purificação interior e à santificação, segundo o programa das Bem Aventuranças (cf Mt 5, 1-12), ajudados pela Graça, a mesma que gerou na santidade Todos os Santos.
P J