Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo segundo São Mateus

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: «Ouvistes que foi dito aos antigos: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo’. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai por aqueles que vos perseguem, para serdes filhos do vosso Pai que está nos Céus; pois Ele faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos. Se amardes aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Não fazem a mesma coisa os publicanos? E se saudardes apenas os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Não o fazem também os pagãos? Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito».

Palavra da salvação.

 

— Reflexão

A lei da perfeição está inscrita já dentro de nós: Já o grande convertido escrevia “criastes-nos  para Vós, Senhor, e o nosso coração anda inquieto enquanto não repousar em Vós” (S. Agostinho).

Foi Jesus que nos veio matar a sede de Deus. Hoje diz-nos como disse outrora aos discípulos:  “Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai os vossos inimigos”. A conclusão “sede perfeitos como o vosso Pai celestial é perfeito” pertence pois ao perfil da santidade traçada por Cristo.

 

A santidade e a perfeição segundo os judeus radicavam no exacto cumprimento de todas as prescrições da lei mosaica e da complicada e minuciosa tradição dos antigos. Pois bem, a esse conceito de perfeição legalista opõe Jesus o seu, a resposta incondicional ao amor gratuito de Deus, “que faz nascer o sol sobre bons e maus e manda chuva aos justos e injustos” (cf Lc 6,27ss).

Tal resposta ultrapassa em muito o mínimo legal. Assim o demonstra, por exemplo, a regra de hoje: “Amai os vossos inimigos”. Porque se amamos e fazemos o bem só a quem nos quer, em que é que somos melhores que um não cristão? Ao discípulo de Cristo pede-se mais. Os critérios da nova justiça e santidade do Reino são mais exigentes… Somos convidados como discípulos de Cristo a sermos “melhores que os escribas e fariseus” do tempo de Jesus. O cristão deve saber dar razão da sua fé, manifestando na sua conduta a resposta à escolha gratuita de Deus…

 

— Oração

Não permitais, Senhor, que os nossos ódios e violências murchem a primavera da vossa ternura. Concedei-nos viver reconciliados com os outros mediante um perdão e alegria diariamente renovados conforme a nova justiça do teu Reino.