Obediência

Jesus abraça a paixão e a morte numa atitude de obediência ao Pai, ao desígnio de salvar a humanidade. Assim escutamos o seu testemunho: «Eu vim, ó Pai, para fazer a vossa vontade» (Hb 10, 7); «Pai, se é possível, afaste-se de mim este cálice. No entanto, não se faça a minha, mas a tua vontade» (Mt 26, 39); «Desci do Céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou» (Jo 6, 38).  Interroguemo-nos: Colocamos a nossa vida nas mãos de Deus? Respondemos à pergunta: que quereis de mim, Senhor? Que quereis que eu faça? Temos a coragem de obedecer no meio da dor?

 

Mansidão

A mansidão do Senhor impressiona-nos: como é ela possível perante o mistério da iniquidade que o envolve e faz sofrer, Ele que teria o poder para tudo alterar! «Como cordeiro levado ao matadouro e a ovelha sem voz ante aqueles que a tosquiam, nem sequer abriu a boca» (Is 53,7). Ele que assim deu o exemplo, na cruz e em toda a sua vida, recomendou-nos a mansidão no Sermão da Montanha: «Bem-aventurados os mansos porque possuirão a terra» (Mt 5, 5). E apresentou-se ele mesmo como modelo: «Aprendei de mim que sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 30). Interroguemo-nos: sofremos com paciência, por amor, por denunciarmos a injustiça? Rezemos: ‘Jesus manso e humilde de coração, tornai o meu coração semelhante ao vosso!’

 

Perdão

Perdoar «setenta vezes sete» (Mt 18, 22), ordenou Jesus a Pedro. E, suspenso na cruz deu-nos o exemplo: «Pai, perdoa-lhes porque não sabem o que fazem» (Lc 23, 34). E recomendou-nos: «Amai os vossos inimigos» (Mt 5, 44). A quanto obriga o amor! Interroguemo-nos: Aprendemos a linguagem do perdão? Perdoamos ao ponto de, no exercício do nosso livre arbítrio, não irmos buscar as ofensas para as atirarmos como pedras a quem nos ofendeu?

 

Liberdade

Jesus caminhou voluntariamente para a paixão; percorreu corajosamente o caminho da cruz. Se Ele quisesse poderia facilmente evitar a paixão e a morte. Mas não. Comungou o cálice da paixão. A Liberdade do amor levou-o até à morte. As suas palavras, a este respeito, são claras: «Ninguém me tira a vida; sou eu que a dou» (Jo 10, 15). Interroguemo-nos: aonde nos leva a liberdade do amor? Temos consciência de que o amor comanda (ou deve comandar) a nossa liberdade?

 

Amor

Diz S. João na sua narrativa da paixão, descrevendo o coração de Jesus na hora da cruz: «amou-os até ao fim» (Jo 13, 1). O amor pela humanidade a quanto obrigou o coração de Deus: desceu as escadas da encarnação, humilhou-se, inocente, foi condenado, crucificado, morto e sepultado. E para iluminar todos estes acontecimentos, esclareceu: «Ninguém tem maior amor do que quem dá a vida pelos seus amigos» (Jo 15, 13). Na Última Ceia, em jeito de testamento, declarou: «este é o meu corpo entregue (à morte) por vós»; «isto é o meu sangue derramado por vós». Interroguemo-nos: olhamos para a cruz como sinal de amor? Estaremos dispostos a amar até ao fim, até dar a vida? Não queremos nós reconhecer, agradecer, retribuir o amor com amor? Ficaremos indiferentes, insensíveis ao amor?

Servir e dar a vida

A Sua vida é grão de trigo lançado à terra que, porque morre, germina em vida nova (cf Jo 12, 24). A morte é vencida. Não tem a última palavra. Cumpre-se a palavra do apóstolo: «do mesmo modo que em Adão todos morrem, assim também em Cristo todos serão restituídos à vida» (1 Co 15, 22). Na vida presente somos convidados a morrer para o pecado para vivermos a liberdade dos filhos de Deus. Imitemos Jesus que «não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida» (Jo 20, 28).

P J